terça-feira, janeiro 16, 2007

ALERTA... PELOS NOSSOS FILHOS

Perigo- Neuropsicólogo explica 'salto da ficção para a realidade'
Jogo da morte gratuito

2007-01-15 - 00:00:00
In: Correio da Manhã

Com “efeitos muito perigosos” é como o neuropsicólogo Nélson Lima classifica os resultados de um adulto colocar nas mãos de uma criança ou adolescente um videojogo cujo objectivo “é matar”.
Declarações a propósito do ‘Super Columbine Massacre’, jogo que reproduz fielmente o maior massacre ocorrido numa escola norte-americana e que está disponível para cópia, de uma forma gratuita, na internet.
A 20 de Abril de 1999, na localidade de Columbine, no Estado do Colorado, dois adolescentes mataram 12 alunos e um professor, tendo-se, depois, suicidado.
Da realidade depressa se passou à ficção, mas a sua transição para o campo dos videojogos não é consensual, tendo sido agora banido do Festival de Slamdance, que irá decorrer em Park City entre os dias 18 e 27 deste mês.
Para além da questão moral, resultante do aproveitamento da tragédia, Nélson Lima sublinha que, no quadro psíquico, “a banalização do sofrimento neste tipo de jogos pode despoletar na pessoa o desejo de fazer, na vida real, o que pratica no jogo, havendo o perigo do salto da ficção para a realidade”.
O presidente do Instituto da Inteligência, no Porto, considera ainda que este tipo de jogos são igualmente nefastos para os adultos.
Desde a sua criação, o videojogo – em que o objectivo do jogador é assumir a pele dos adolescentes criminosos Eric Harris e Dylan Klebold e atirar sobre os alunos e professores – transformou-se num êxito, pelo que num ano de permanência na ‘net’ foi descarregado por 40 mil potenciais jogadores.
Entre eles, figurou o criminoso Kimver Gill, 25 anos, que em Setembro disparou sobre os estudantes de uma escola de Montreal, tendo morto a luso--canadiana, Anastasia de Sousa.
Nélson Lima entende que “há fortes probabilidades de este jovem ter assumido na vida real o contexto do jogo, despoletando o potencial de violência até então arrumado na sua mente”.
Danny Ledonne, o autor do jogo, que aquando dos trágicos acontecimentos era também aluno no Colorado, diz que o seu objectivo é “promover o diálogo sobre os massacres nas escolas, a sua violência, e a forma como são noticiados”.
O jovem confirmou que foi convidado para estar presente na competição na rubrica ‘jogos de guerrilha’.
O presidente do festival, Peter Baxter, decidiu entretanto retirar o jogo.
“Falei com pessoas que sofrem bastante com o massacre de Columbine.
Os sentimentos são mais importantes do que um jogo ou um festival”, disse.
FAVORITO DE CRIMINOSO
Anastasia de Sousa, a jovem luso-canadiana morta por Kimveer Gill, em Setembro, no centro pré-universitário de Dawson College de Montreal, poderá ser mais uma vítima dos videojogos. O criminoso – que se matou após realizar o tiroteio em que ainda ficaram feridas 19 pessoas – confessou na internet que se considerava um “anjo da morte”.
Tinha, segundo revelou a Polícia, no ‘Super Columbine Massacre’ um dos seus jogos favoritos.
O criminoso afirmava: “A ira e o ódio fervem dentro de mim.”
João Saramago

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