sexta-feira, janeiro 26, 2007

CRIME EM COSCIÊNCIA OU... PECADO SOCIAL

Nota prévia do Blog: O pulpurado visiense conseguiu, nesta entrvista, enumerar algumas, das princnipais, razões pelas quais muitos de nós, iremos votar NÃO à "pergunta?" do próximo referendo.
É, pois, com agrado que - pela primeira vez - encontro um dignatário católico (apostólico e romano) a espelhar de forma lúcida e... frontal a razão do nosso NÃO.



Polémica - Se estivesse em causa apenas despenalizar
Bispo de Viseu admite que poderia votar sim

In: Correio da Manhã
Política
2007-01-25 - 00:00:00
Texto e foto: Luís Oliveira, Viseu

O Bispo de Viseu votaria “sim” se no referendo sobre o aborto estivesse em causa apenas a despenalização da mulher que o pratica.
D. Ilídio Leandro expressou a sua opinião durante um debate realizado na Escola Superior de Educação de Viseu, na terça-feira à noite, e ontem, quando confrontado com as declarações, esclareceu que é defensor do ‘não’ e considera a pergunta a referendar “falaciosa e enganadora na sua proposta”.
“Engloba três realidades autónomas e independentes, mas depois, por má fé, os movimentos pelos ‘sim’ apenas carregam numa tónica, que é a despenalização da mulher.

Se fosse só isso que estivesse em causa, votava ‘sim’, reafirma.Para o Bispo de Viseu, a mulher “é a vítima de toda a situação do aborto”, porque fica “sozinha e abandonada numa sociedade que apenas lhe aponta o dedo”.
O bispo Ilídio Leandro “discorda” da Lei actual e considera que antes da mulher deveriam ser penalizados o “Estado, os companheiros e os profissionais da Saúde”, lembrando que os médicos e enfermeiros fizeram o Juramento de Hipócrates, “que é muito claro na defesa da vida em todas as circunstâncias”.
O prelado de Viseu lançou fortes críticas ao Estado, porque “tem a Lei que tem em relação à natalidade e à defesa da mulher”, e apontou o dedo ao ministro da Saúde, Correia de Campos, por ter dito “que se prevêem 23 mil abortos por ano, o que corresponde a uma despesa de 10 milhões de euros” e que o Estado tem condições para pagar.
“Então o País não precisa de 23 mil crianças a mais por ano?
Então mas nós não temos necessidade desses 10 milhões de euros para atender a casos de doença, para promoção de uma política de natalidade?”, pergunta.
O prelado apela para “uma linguagem de aproximação e sem extremismos”, que valorize o “diálogo e a abertura”, uma crítica implícita à tomada de posição de outros membros da Igreja Católica.
D. Ilídio Leandro garantiu ainda que no dia 12 de Fevereiro, “seja qual for o resultado do referendo”, a Diocese de Viseu vai fazer “uma proposta positiva” para que a mulher, “mesmo na situação de mais desespero”, possa “acreditar que o seu filho tem um lugar”.

PERFIL
Ilídio Pinto Leandro, de 55 anos, nasceu em Rio de Mel, São Pedro do Sul.
Tem cinco irmãos.
Foi ordenado padre em 25 de Dezembro de 1973. Em Junho de 1991, terminou a Licenciatura em Teologia Moral, em Roma. Foi professor no Seminário Menor de Fornos de Algodres e no Seminário Maior de Viseu.
Como pároco esteve em Torredeita, Farminhão e Caparrosa. De Canas de Senhorim passou, em 2005, para a paróquia de S. Salvador, em Viseu.
É bispo da Diocese de Viseu desde 23 de Julho de 2005.

APONTAMENTOSFILÓSOFOS
Um grupo de filósofos defensores no ‘não’ anunciou ontem que vai questionar o Governo e o Parlamento sobre a fundamentação da pergunta do referendo sobre o aborto.
“Queremos saber porquê dez semanas”, justificou o professor Michel Reanaud da Universidade Nova de Lisboa.

INJUSTIÇA
A psicóloga Marta Crawford, uma das mandatárias do movimento pelo ‘sim’ à questão do aborto, defendeu ontem, em campanha nas ruas do Chiado – ao lado de Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, e do actor Morais e Castro, que “nenhuma mulher faz um aborto de ânimo leve” e que a actual lei é “injusta”.

BOICOTE
Após ter recebido a informação sobre o eventual fecho do posto de GNR de Tangil, o presidente da Junta de Freguesia local, José Alberto Cardoso, ameaçou boicotar o referendo do aborto marcado para 11 de Fevereiro, caso a situação se verifique.

PLENÁRIOS
No âmbito dos plenários de militantes da defesa do ‘sim’ no referendo da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, Edite Estrela e António Vitorino deslocam-se na próxima sexta-feira a Viseu (Hotel Montebelo, às 21h00) e ao Porto (Hotel Tuela, 21h30), respectivamente.

TESE DE CUNHAL
O PCP distribui hoje com o jornal ‘Avante!’ um livro intitulado ‘Sim!’, que reúne textos a favor da despenalização do aborto. Para a sua execução foi recuperada a tese que o antigo líder comunista Álvaro Cunhal defendeu há 66 anos.

DIVERSIDADE DE OPINIÕES NA IGREJA CATÓLICAOS POLÉMICOS
D. António Montes Moreira, o Bispo de Bragança, comparou o aborto à pena de morte e exemplificou a sua indignação com o enforcamento de Saddam Hussein.
“Toda a gente ficou horrorizada com a execução de Saddam.
A questão do aborto é uma variante da pena de morte”, afirmou.O padre de Castelo de Vide, Tarcísio Alves, defende que “quem comete um aborto tem sobre si a excomunhão da Igreja e exclui-se da comunidade cristã”.
“Quem provoca aborto incorre em excomunhão ‘latae sententiae’”, diz, lembrando o cânone 1389 do Código Direito Canónico.

OS MODERADOS
D. António Marto, Bispo de Leiria/Fátima, disse que a Igreja não se deve limitar à condenação pura e simples do aborto mas agir no terreno em socorro das situações mais dramáticas e aflitivas.
“Para nós existe sempre o perdão. Até o maior facínora tem perdão se se arrepender”, disse ao CM.D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, diz que a Igreja “nunca condena”.
“Estaria a ser contra mim e contra aquilo que acredito e represento se eu estivesse a penalizar ou se lutasse pela penalização da mulher.
Jesus disse: ‘Ninguém te condenou, eu também não te condeno’”, diz.

PORQUE...
O CM mostra-lhe os argumentos de figuras públicas a favor e contra a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas.

SIM"ACABAR COM HUMILHAÇÃO"
(Ana Catarina Mendes - PS)“Considero que é necessário e urgente despenalizar a interrupção voluntária da gravidez para acabar com o aborto clandestino e, antes de mais, pôr um ponto final na humilhação que são os processos judiciais. O que é essencial neste ponto é que haja uma alteração à lei penal ”

NÃO "RETROCESSO CIVILIZACIONAL"
(António Pinheiro Torres PSD)“O direito à vida é o primeiro dos direitos e o aborto legal é uma resposta falsa, um problema verdadeiro.
Há outros caminhos, há outras soluções. O aborto livre é um retrocesso civilizacional, é andar para trás no que se refere a direitos humanos, é convidar a sociedade a desistir. ”

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